segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Saí de Chuy com muito sol e alegria. É muito bom pedir informações em português e também poder conversar. Pedalei muito neste primeiro dia, cerca de 138km e mais uns 40 km de carona com a polícia ambiental. Cheguei a Quinta por volta das 16h e já no trevo da cidade conheci uns trabalhadores que atuavam na rede de água da prefeitura. Resumindo consegui um quarto onde eles moram; não era bem um quarto para dormir, mas sim para guardar ferramentas; estava ótimo! No outro dia eu estava cansado e resolvi sair um pouco mais tarde e pedalar até Pelotas. Em Pelotas dormi no Albergue Municipal onde me receberam muito bem. No dia seguinte, assim que saí de Pelotas sentido a Porto Alegre cometi um erro na rota. Passei reto pelo trevo e pedalei 29km para o sentido errado. O meus planos eram ir até Cristal, mas como já havia pedalado 58km fora da rota prevista, consegui chegar em Turuçu onde fui muito bem recebido por funcionários da prefeitura. Inclusive fui convidado para participar da festa em comemoração da Semana Farroupilha, mas, deitei para descansar um pouco e dormi até quase 22h. Outro dia dormi em Camaquã e neste dia não fiz muita coisa, pois dormi em um hotel na beira da estrada onde não tinha muito que fazer. Acordei cedo e parti sentido a Guaíba e já na entrada da cidade encontrei um grupo a cavalo ensaiando para o desfile do próximo dia. Acho importante como os gaúchos preservam a sua cultura; são pessoas patriotas e isso é o que falta para grande parte da população brasileira. Quanto mais perto de casa, mais pressa acabo tendo. Saí cedo de Guaíba e pedalei até Glorinha. Os planos eram pedalar até Santo Antônio da Patrulha, mas tive um problema com a bike e parei. Consegui resolver o problema perto do meio dia do dia seguinte. Como era meio dia quando saí, não consegui fazer o que planejei no dia anterior e pedalei até Osório. Agora eu estava a alguns km do mar e a única coisa que pensei foi em um mergulho. Pedalei 104km neste dia e cheguei em Torres. Fui até a prefeitura pedir um abrigo, na verdade pedi por um abrigo e acabei parando em um hotel muito bom (SESC), com direito a piscina e sauna. Aproveitei ao máximo o lugar, descansei e comi bem. Resolvi ficar em Torres mais um dia pois, chovia muito e eu tinha um compromisso com a prefeitura. Aproveitei o dia para sair, caminhar e conhecer um pouco de Torres. No outro dia eu sabia que ia chega a SC e eu estava muito ansioso. Em toda SC eu pedalava muito pouco por dia, eu entrava em todas as cidades litorâneas possíveis. Os Catarinas são muito curiosos e questionaram muito sobre a viagem. Teve um dia em que parei para tomar um suco e um cliente do restaurante viu que estava contando moedas e pensou que eu não tinha grana; pagou o suco, mais um peixe frito com arroz e salada. Passei pelo território catarinense com muita chuva. Em Florianópolis fui visitar uma amiga Rosi que não via a muito tempo; fui muito bem recebido por ela e seu marido Paulo. No outro dia saí por volta das 10h com muito sol.
Em Itajaí, dormi na casa de um amigo da Rosi e do Paulo, também fui bem recebido. Gostei muito de Itajaí, uma cidade organizada bonita. Quando saí de Itajaí pensei em ir direto para casa mas, no meio do caminho resolvi ficar em Barra Velha e já na chegada conheci dois caras de Jaraguá do Sul, gente boa! Procurei um lugar na prefeitura para pernoitar mas, não consegui. Como era o último dia da viagem, resolvi não procurar mais e fui direto para uma pousada na beira da praia. Queria sair para passear, mas chovia muito. No último dia pedalei sem parar muito, pois estava com vontade de chegar em casa, apenas parei para tirar uma foto da primeira placa de acesso a Schroeder.









Essa foi minha viagem, com certeza foi muito válido para minha vida e espero que de alguma forma também foi para mais alguém.
Grande abraço a todos! As pessoas que tenham alguma dúvida ou curiosidade, podem me escrever: tarcisotomaselli@yahoo.com.br

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Uruguai

Cheguei a Montevidéu por volta das seis da manhã e fiquei na rodoviária até ficar claro. Quando comecei a pedalar em Montevidéu não tinha ninguém na rua e eu podia pedalar no meio das avenidas da cidade pois em outro horário seria impossível; eram todas para mim. Pedalei bastante na cidade e na beira mar onde tinha muita gente correndo e caminhando. Um lugar muito bonito e planejado.
Finalmente podia sentir o calor. A temperatura estava agradável e o sol dava uma sensação de mais calor do que realmente estava fazendo. Neste dia pedalei 82 km, sendo que, 35 km foram na cidade e o restante entre: a beira mar, praia e rodovia. Dormi em Atlântida, uma cidade bonita a beira mar. Nesta noite dormi em uma cabana que é usada por turistas no verão mas que nesta época estava fechada. Quem conseguiu este lugar para mim, foram uns alunos da universidade, que conheciam o dono. Foram ótimos!


No outro dia pedalei até San Luís. Já na saída encontrei dois brasileiros pedalando pela costa Uruguaia. Conversamos um pouco e partimos. Pedalamos juntos alguns minutos e depois segui meu ritmo. Esta noite dormi em um camping. Como tinha pedalado pouco resolvi dar uma caminhada na praia e encontrei uns pescadores tentando capturar uma lontra que estava perdida no mar. Segundo o pescador, a mesma foi arrastada pela correnteza do rio e, caso ficasse no mar, iria morrer, pois a lontra é de água doce. Não sei como essa historia acabou, mas, espero que conseguiram tirá-la do mar. Fui até o mercado comprei comida, água e voltei para o camping.
Saí cedo e em poucas horas já estava em Punta Del Este. Mais uma cidade bonita e organizada! Na verdade até aqui o litoral Uruguaio superou as minhas expectativas. Esta noite dormi em um albergue. Aqui tudo é caro e foi a opção mais barata que encontrei. Caminhei mais de duas horas por uma empanada de marisco e não encontrei. Como eu queria uma empanada! Vocês não tem idéia de como são boas! Quando voltava da caminhada vi alguns lobos marinhos no porto. São lindos!
No dia seguinte estava chovendo e mesmo assim saí. Coloquei a capa de chuva nos alforges e fui. Não deu cinco minutos e eu já estava molhado, então resolvi pedalar sem parar para descansar; apenas paradas rápidas para comer algum alimento e beber água. Cheguei a La Pedreira por volta das 15h com muito frio. Parei em uma pensão e assisti o fantástico, pois,aqui já tem canais brasileiros e foi muito bom ouvir português. No dia seguinte continuava a chover, então vesti a roupa do dia anterior que continuava molhada e pedalei até o Chuy.

Procurei saber a previsão do tempo. Também mandei lavar minha roupa e comer um arroz com feijão. Fiquei dois dias em Chuy; tempo suficiente para explorar o lugar, minha roupa secar e o clima melhorar.
É bom estar no Brasil! Agora estou perto, só falta atravessar o Rio Grande do Sul e parte do território catarinense.
Abraços

domingo, 12 de setembro de 2010

Uruguai

Tomei aquele banho em San Juan do Rosário e depois dormi muito. Acho que não existe nada melhor que depois de alguns dias sem tomar banho, reencontrar água quente e uma boa cama. No outro dia acordei um pouco tarde, saí por volta das 10h com destino a um povoado distante de água e de tudo. Por volta do km 65 quebrou o aro trazeiro da bike; acredito que o mecânico apertou muito os raios e a pressão estourou o aro. Eu estava no meio do deserto, aproximadamente uns 30km do povoado mais próximo e uns 50km da divisa com o território Chileno. Fiquei esperando por quase 5h por uma carona, até que passou uma S10 que iria até Calaman, a primeira cidade no território Chileno. Não pensei duas vezes e embarquei nessa.

Ele me deixou a uns 5 km do centro e o restante fui empurrando. Achei uma oficina de bike, deixei a bicicleta e fui até a igreja pedir abrigo. Conversando com o bispo, ele disse que não teria lugar pra eu ficar na igreja, mas, que na casa das freiras haveria sim. Não é exatamente na casa das freiras, mas sim em uma área de eventos que tem alguns quartos para visitas. Beleza! Consegui uma autorização com o bispo para um dia e mais tarde, depois de uma conversa com as freiras, mais um dia. Me receberam muito bem! Ganhei comida, um pouco de chocolate e folhas de coca para a viagem.


Depois de dois dias em Calama fui para San Pedro de Atacama. Foi o dia mais perigoso da viagem para pedalar. A estrada era ótima, não tinha muita subida, mas, um vento muito forte e eu não conseguia manter a bike no acostamento. Repentinamente vinha um vento lateral, me levava para o meio da estrada e as vezes até o acostamento do outro lado que me obrigava a parar. Bom era quando o vento soprava a favor e eu podia viajar sem pedalar. Teve uma reta que fiquei por uns 15min só sentado sem pedalar, não podendo seguir viagem. O vento realmente era forte e foi difícil ficar parado.
Chegando em San Pedro de Atacama, parei para conversar com um caminhoneiro e lhe falei que havia perdido meus óculos a alguns dias e o vento com areia dificultavam a minha visão. Sem falar nada ele entrou na cabine do caminhão e voltou com seus óculos na mão e me disse: - Este é um presente para você. Que gentileza, não vou esquecer o que esse motorista fez por mim.


Passei mais dois dias aqui em San Pedro de Atacama e encontrei uma galera legal na pousada. É um lugar bem alternativo; as pessoas usam muito a bike como meio de transporte e parecem ter uma vida muito simples e feliz. A noite saí com a galera da pousada, fomos ouvir e apreciar música típica chilena e tomar vinho. Saindo de Atacama eu só pensava em uma carona até Calama, para não precisar encarar o vento de alguns dias atrás, só que dessa vez contra, o que dificultava ainda mais a viagem. Não deu outra, um cidadão atendeu meu pedido e me levou até uns 35 km depois de Calama. Em seguida pedalei mais 101km até Antofagasta. Muita descida o que facilitou o percurso desse trajeto.
Eu pensei muito em relação ao caminho de volta para casa. Conversei com alguns argentinos e recomendaram não passar pelo norte da Argentina pois as distâncias são muito grandes entre as cidades e em parte é um deserto. Eu gostaria muito de ir para o Sul do Chile, pedalar na Carreteira Austral, mas, ainda faz frio no sul e também chove muito. Então fui até a rodoviária comprar uma passagem para Santiago e no caminho teria que tomar uma decisão. Resolvi ir ao Uruguai (Montevidéu) e voltar curtindo o Atlântico. Um dos motivos da minha decisão foi o clima; eu quero sentir um pouco de calor. Embarquei no primeiro ônibus às 19h em Antofagasta e cheguei às 13:30 em Santiago. Às 15h embarquei em Santiago e cheguei às 22:30 em Mendonsa. Às 06:30 saí de Mendonsa e às 05:30 desembarquei em Buenos Aires e por último, saí às 21:30 de Buenos Aires e cheguei às 6:30 em Montevidéu.

Tive um problema com meu cartão de crédito. Quando cheguei em Mendonsa meu dinheiro acabou e não consegui mais sacar. Eu fiquei dois dias pedindo comida para as pessoas que conhecia no caminho e todos me ajudaram muito; acho que comi melhor do que em um dia normal quando ainda tinha dinheiro. Sentado na minha frente no ônibus, uma mãe com sua filhinha de uns 4 anos me deu chocolate; um cara ao lado me convidou para tomar uma cerveja no bar assim que desembarcamos e o dono do bar me deu uma empanada e um pão com queijo e presunto. Depois dizem, que os argentinos não são gente boa. Foi comprovado o contrário e nos momentos que mais precisei, eles me auxiliaram muito.
Cheguei no Uruguai e na fronteira um policial me acordou e disse que tinha que sair para fazer os tramites de entrada no país. Pela primeira vez tive que tirar tudo que eu tinha na bike e abrir pacote por pacote. Que trabalho! Ficaram uns 25min revistando todos os pertences que levava na bike.
Agora vou rumo ao norte e mais uns dias estarei no Brasil. Acho que a primeira coisa que irei fazer será comer um rodízio de pizza.
Abraços

sábado, 28 de agosto de 2010

Cuzco até Uyuni.
Saí de Cuzco com o tempo nublado e frio. Eu já tinha pedalado nesse lugar quando estava a caminho de Nazca. Pedalei os primeiros 140km em dois dias e depois peguei um transporte até Puno, no lago Titicaca. Em Puno fiquei dois dias, uma cidade grande e bem organizada, pelo menos, no centro. Saí de Puno bem cedo, aqui a altitude média é de 3800 metros em relação ao nível do mar, então é melhor sair cedo para conseguir pedalar 80km por dia. É muito difícil respirar por aqui; pedalo 20km e preciso descansar meia hora e no final do dia paro a cada 10km. Eu sempre criticava os jogadores de futebol quando jogavam aqui nas alturas, mas, agora entendo, é realmente difícil. Já na saída de Puno encontrei um casal de Australianos.
Eles estavam pedalando sentido contrário ao meu. Conversamos por alguns minutos, trocamos e-mail e depois nos despedimos. Neste primeiro dia cheguei em Pomata, uma cidade bonita e com uma vista privilegiada para o lago. Fiquei em uma pousada sem água e não consegui tomar um banho; eu precisava demais de um banho! A noite foi terrível; até as 12h tinha um evento político em uma sala ao lado e fizeram muito barulho. Depois aconteceu briga de gato, burro berrando e cachorro latindo. Acordei de mau humor e fui reclamar com o dono da pousada, ele me pediu desculpa pelo barulho do evento e me deu um pão com chá para minimizar o transtorno. Depois saí, pedalei um pouco e me deparei com um ¨rebanho¨ de llamas; um animal muito bonito e diferente, tirei umas fotos e aproveitei para recuperar o ar. Logo cheguei no Desaguadeiro, na fronteira com a Bolívia e eu precisava fazer todos os tramites de visto. Já na chegada tinha um turma de Italianos viajando de moto, pedi para que eles cuidassem da minha bike. Quando chegou a minha vez o guarda disse que eu tinha uma multa para pagar, eu não entendi como alguém que viaja de bike possa ter multa para pagar. Então respondi, eu estou de bike e ela não tem documento e nem placa, como posso ter uma multa? Depois desse mico ele disse que a multa era porque eu estava cinco dias a mais no país do que eu tinha declarado quando entrei. Se eu soubesse disso teria colocado uns 60 dias.

Depois de tudo resolvido, fiquei por aqui mesmo, procurei um lugar para ficar, um lugar que tivesse um chuveiro para tomar banho, não encontrei e passei mais uma noite sem tomar banho, só consegui uma toalha molhada para tirar o excesso de suor. Pelo menos nessa noite dormi bem, acho que dormi umas 11h. Outro dia pedalei 52 km até Tiwanaku e resolvi parar. A falta de ar era grande. Finalmente encontrei um lugar barato com água e tomei banho mas, a água gelada. Aproveitei para organizar as coisas da bike que estavam realmente desorganizadas.
Dei uma volta na cidade, comi pela primeira vez carne de llama; não é muito boa, tem um sabor forte e diferente. Voltei para o hotel e dormi para no outro dia pedalar 75km até La Paz. No caminho até La Paz encontrei um casal de aproximadamente uns 55 anos pedalando. Eu parei mas eles nem deram bola, me deixaram aí parado e sozinho. Continuaram a pedalar como se eu fosse um nativo com uma bicicleta normal ou como se estivesse passeando de carro. Em La Paz é tudo difícil, muitos carros e gente louca, como qualquer cidade grande. Outro dia pedalei 94 km e dormi em um povoado e não consegui descobrir o nome do mesmo, pois, não tinha placa, não achei no Google, então perguntei para um cidadão, mas não anotei e acabei esquecendo. Após muito esforço e com pouco ar chego a Oruro. Fiquei na cidade por dois dias. Ainda não consegui em lugar para lavar minha roupa, estão quase todas sujas e já estou com a mesma alguns dias. Eu resolvi pegar um trem turístico até a cidade de Uyuni. Parece legal e a passagem custou apenas R$ 12,00.
Cheguei a Uyuni as 22h e pedalei até o centro em busca de abrigo. Achei uma raridade, um lugar por R$8,00 com água quente.
Passei uma noite em Uyuni e no outro dia pedalei por 35km em uma estrada de terra até a beira do salar. No outro dia acordei com o frio mais intenso que senti em toda minha vida e muito vento. O lugar é tão maravilhoso que nunca senti nada parecido, pedalei por mais de cinco horas em um lugar tão branco que parecia uma grande folha de papel, eu não conseguia ver nada a não serem as montanhas ao fundo que pareciam estar flutuando devido a imensidão branca. À noite dormi em um abrigo em uma ilha no meio do salar que é exclusiva para ciclistas ou para pessoas que atravessam o salar caminhando. Outro dia pedalei até San Juan do Rosário, foi o dia mais difícil da minha vida em cima de uma bicicleta, eu cheguei a San Juan do Rosário por volta das 17hr, neste dia pedalei nove horas sendo que em 60 km a estrada era de terra como muita areia, muitas vezes era preciso empurrar a bike.

Isso aconteceu há três dias a trás, como não havia internet e não consegui postar antes.
Grande abraço e obrigado pela as mensagens, é bom ler!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Cuzco até Chinta Alta

Fiquei em Cuzco por alguns dias e já não lembrava mais como pedalar. Saí muito mal de Cuzco, meu estômago estava doendo. Esse problema me incomodou por mais uns três dias. Pedalei pouco no primeiro dia, por volta das 12h já parei. Parei em um povoado bem pequeno e antigo. Não tinha nada para fazer então resolvi tomar chá com o dono do alojamento. Ele disse que ia fazer bem para o estômago. No dia seguinte acordei melhor e saí cedo. Pedalei bastante e só parei no meio da tarde. Estava bom para pedalar; uma temperatura agradável durante o dia e a noite frio para dormir. Estou me identificando com o país, as pessoas são receptivas e sempre me cumprimentam na estrada. A paisagem não muda muito, desde La Paz até aqui é praticamente a mesma coisa.




Depois de cinco dias e meio cheguei em Arequipa, a segunda maior cidade do Peru. Não fiquei muito tempo na cidade. Cheguei ao meio dia e parti as sete da manhã do dia seguinte. Só fiz questão de comer uma empanada de marisco. Aqui o cenário mudou completamente, a vegetação deu lugar a muita pedra, areia e poucas plantas. Neste primeiro dia pedalei 145km, muita decida e vento a favor. Cheguei em Pedregal por volta das 16h. As cidades desta parte do Peru parecem um Oásis, tudo seco e de repente verde com muitas plantações .




Hoje tive uma pequena discussão com o dono do restaurante. Ele tentou me cobrar mais caro pela mesma comida que cobrou para o peruano que estava ao lado;ele insistiu em cobrar mais e eu deixei o dinheiro em cima do balcão e dei as costas. É comum tentarem passar a perna nos turistas, mas já estou acostumado e não aceito.Depois saí pedalando e falei sozinho por mais de dez minutos. Depois de mais de seis dias de pedala na beira do Oceano Pacífico cheguei em Nazca. Eu esperava um lugar mais bonito e organizado, mas não é bem assim. Chegando na cidade um sujeito meio suspeito me ofereceu um lugar para ficar na casa dele, achei meio estranho que em tão pouca conversa me oferecera um lugar; não aceitei.


Fiquei em Nazca por dois dias e logo parti para Palpa e no outro dia até Ica. Ica é uma cidade grande e tem de tudo. Quase fui atropelado por um tricículo e por sorte consegui desviar do mesmo mas, bati com a roda trazeira no meio fio. Resumindo, furou o pneu, entortou o aro e estouraram dois raios. No dia seguinte pedalei até Chinta Alta e a bike ia de lado pois, estava toda torta. Depois de pedalar 1452 km de Cuzco até Chinta Alta passando por Arequipa peguei uma carona com um caminhoneiro até próximo a Cuzco. Agora vou pedalar de Cuzco até Urus na Bolivia e depois para o Salar Yuny.

Abraços



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Lago Titicaca e Machupichu

Após muito frio e chuva na Bolívia, enfim estou no Peru; muito frio a noite mas agradável durante o dia com o sol. Chegando à cidade de Cuzco, comecei a passear na cidade sem minha bicicleta. Uma das coisas ruins de viajar de bike é que sempre precisa estar de olho; assim, deixei-a na hospedagem e saí. Fui pesquisar os preços para fazer uma trilha para Machupichu. Fui informado que não seria possível fazer a trilha inca e para conseguir era preciso reservar no mínimo com dois meses de antecedência. Eu já sabia, mas mesmo assim tentei achar alguma coisa. Esperei mais um dia e com a chegada da Meigui, compramos os ingressos para uma trilha secundária, chamada de Salkantay, normalmente se faz um cinco dias e quatro noites, mas como o tempo estava curto compramos com um dia a menos e em uma parte da trilha fomos de transporte.


Também compramos um tour para o lago Titicaca. Esses dois lugares não são possíveis visitar sem que as passagens sejam compradas em alguma agência. Primeiro fomos para o lago Titicaca, um lugar que parou no tempo; pessoas vivendo como há muito tempo atrás em cima de ilhas construídas para fugir dos espanhóis na época da “colonização”. Ainda vivem nas ilhas, mas não por causa dos espanhóis mas por ser sua principal fonte de renda com o turismo. Segundo os Uruenses não ganham dinheiro diretamente das agências, mas só com a venda de artesanatos. No lago conhecemos a Ilha do Sol e as Ilhas de Urus, feitas a base de uma planta encontrada nas redondezas.


Chegamos em Cuzco e esperamos por mais um dia para iniciar a trilha. A trilha é difícil; mas, muita natureza e paisagens maravilhosas podem ser apreciadas. Algumas partes das paisagens são muito diferentes das que estamos acostumados a ver no Brasil e outras partes são muito parecidas. Muitas montanhas e a mais alta chamada Salkantay, chega a 4600 metros em relação ao nível do mar. Na beira da estrada haviam muito morangos, eram bem menores dos que encontramos no mercado, mas muito saborosos. No último dia chegamos em Machupichu; um lugar mágico e misterioso, até hoje existem muitas dúvidas de como foi construído e também sobre a cultura, desde nomes de pessoas até de rituais.


Existe um frase que Che Guevara fala em seu filme (O Diário de Uma Motocicleta), assim que ele chega no topo e olha para a cidade perdida, fala:_ Como pode uma civilização trocar isso por isso? E, aí mostra uma foto da linda cidade de Machupichu e depois uma cidade contemporânea com muita sujeira e pessoas vivendo em um lugar desumano. Nos faz pensar.







Em qual você prefere viver?
Chegamos em Cuzco por volta da 24:00. No outro dia levei a Meigui para o Aeroporto e comecei a arrumar tudo para sair. Fiquei mais um dia em Cuzco, precisava lavar a roupa e eu não estava muito bem, acho que comi alguma coisa que não fez bem.Abraços e até breve

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bolívia




Depois de dois dias em Corumbá, saí do Brasil sentido a Bolívia. O trem saiu de Porto Quijas com destino a Santa Cruz de La Sierra às 12h45min. Cheguei à estação por volta das 10h30min. Já na chegada, encontrei três brasileiros, esperando o mesmo trem. Até truco jogamos, eu e o parceiro ganhamos sem deixar dúvidas. O trem chegou no horário marcado, despachei minha bicicleta e enfim embarcamos.






O trem é confortável e as coisas funcionam. Na internet li muitos relatos, onde diziam que o trem e os serviços eram ruins. Acho que as pessoas que fazem esses relatos maldosos, muitas vezes desrespeitando um país, deveriam viajar de carro ou de avião, que por sinal na classe econômica é bem menos confortável. Ruim mesmo é o tempo que o trem leva para percorrer aproximadamente 700km em 21h.




O trem é um ótimo lugar para conhecer o povo Boliviano e parte de sua gastronomia. A vista que o trem proporciona não é das melhores e a quantidade lixo acumulada ao lado dos trilhos, jogado pelos passageiros, impressiona. Também fazem muitas queimadas.







Também é muito legal observar os vendedores ambulantes que entram no trem em cada uma das 32 estações, antes mesmo de o trem parar, já se escuta: pescado, emapanados e aí vai. Cheguei à Santa Cruz por volta das 9h e 45min. Já na saída do terminal, conheci um Boliviano que me explicou como chegar até a Faculdade. Saí pedalando e minutos depois o mesmo Boliviano parou e me deu uma carona.
No mesmo dia saí de Santa Cruz e fui para Montero, 50 km. Cheguei cansado pois, não dormi muito bem no trem. Eu estava com pouca roupa e a noite fez frio.





No caminho de Montero até Yapacany, aproximadamente 89 km choveu muito, molhei minha calça e minha sapatilha. Aqui chove muito e a previsão é para chuva nos próximos 5 dias. Dia seguinte acordei cedo, queria pedalar bastante, mas continuava a chover. Mesmo assim saí. Nos primeiros minutos eu já estava molhado e com frio, então resolvi pedalar até o meio dia sem parar.






Depois do almoço peguei uma carona de 60 km e passei a noite em um povoado muito pequeno. Procurei abrigo em vários lugares, mas não deu certo. No dia seguinte amanheceu com chuva e minha calça e tênis continuavam molhados, então resolvi pegar um ônibus ate Cochabamba. No caminho até Cochabamba passei por um lugar muito bonito, pena que chovia e não pude ver muito bem o lugar.
Abraços

sábado, 10 de julho de 2010

Correndo o Trecho ( Palavras de Agripino)

Bonito.

No segundo dia em Bonito, conheci a Gruta Azul e o Balneário Municipal, dois lugares onde a natureza não economizou em nada.


Balneário Municipal

Saindo de Bonito sentido a Bodoquena, peguei uma estrada de terra que me fez pensar em que eu estava me metendo.Esta estrada tem aproximadamente 70km e para complicar o governo federal está trabalhando na construção do asfalto;então já viu, caminhões, poeira e uma estrada cheia de pedras. O que me fez ganhar forças foram os banhos que tomei no decorrer do caminho; os rios são do estilo dos de Bonito. Nos últimos 12km peguei uma carona com um caminhão da obra até Bodoquena.

Estrada de Bonito a Bodoquena

Chegando em Bodoquena, por volta das 13h resolvi encarar mais 40km de asfalto até Miranda. A estrada era tranquila; apesar de não ter acostamento em alguns trechos, não tinha muito movimento,o que deixou esta parte mais fácil.

Na chegada em Miranda vi um hotel chamado Catarina e achei que lá eu teria um desconto ou algum patrocínio mas,não foi bem assim. O hotel estava caro (30,00) e não tinha desconto; então fui para frente. Parei na prefeitura e lá fui muito bem recebido, não lembro o nome da Senhora que me atendeu. Ela providenciou um quarto em um hotel da cidade que foi cortesia. Em contra partida prometi colocar algumas fotos do Pantanal no Blog e comentar no meu trabalho sobre o potencial turístico da região Pantaneira, que por sinal é muito promissor.

Afluente do RIo Paraguai.

No outro dia saí bem cedo, o dia prometia muitas paisagens e bichos. Na saída de Miranda passei pela Polícia Ambiental, pedi informação referente a distância e lugares de apoio. Cheguei a Corumbá por volta das 17h e atravessei uma ponte nova que cruza o Rio Paraguai. No outro lado parei em um Hotel para pescadores e o preço estava totalmente fora do que estava disposto a pagar. Depois de muita conversa negociamos por 40,00 com direito a janta, café da manhã e um passeio de barco. A pousada era muito bonita na beira do rio, com muitos pássaros e o pessoal que trabalha foi muito receptivo.

Passeio de barco

Dia seguinte acordei cedo, tomei um café da manhã reforçado e comecei a pedalar sentido ao município de Corumbá. No caminho vi alguns bichos e depois de muito tempo algumas montanhas. Chegando a Corumbá liguei para Adilson, amigo da família que conheci em Dourados. Ele me recebeu muito bem. Saímos para conhecer a cidade e na saída chegou o Schabib, que nos acompanhou. Neste passeio fomos conhecer o porto da cidade; Agripino Magalhães de 92 anos o morador mais antigo da região onde vive com Maria, sua esposa. Pessoas que carregam um conhecimento que só o tempo pode nos trazer. Agripino é um dos últimos cururueiros vivo e construtor da viola-de-cocho, instrumento utilizado no folclore local.

Um grande abraço a todos que acompanham meu Correndo o Trecho..

terça-feira, 6 de julho de 2010

Mato Grosso do Sul

Entrevista na Rádio

Rio Paraná
Após dois dias de férias na casa do meu primo Alan e sua família com direito a conversa com a prefeita, entrevista ao vivo na rádio e visita a Prainha na beira do rio Paraná, sigo viagem. Alan me levou até Naviraí, um trecho sem acostamento e muitos caminhões transportando cana para fazer etanol. Pedalei algumas horas e cheguei a Carapó. Já na chegada encontro com uma galera que anda de moto do grupo XT600 e assistimos o final do jogo Paraguai contra Espanha. Esta noite passei na casa dos padres que me deram a janta e o café da manhã.


Papagaio na saída de Caarapó

No dia seguinte sai cedo e pedalei até Dourados no caminho encontrei alguns bichos: um filhote de macaco no meio da estrada com a pata quebrada e os outros macacos estavam nas árvores esperando eu sair. Tirei o macaquinho da estrada e levei-o para perto dos outros. Também encontrei papagaios em uma árvore na beira da estrada; por sorte consegui fotografar e filmar. Em Dourados fui recebido por uma família muito simpática que me deu comida, gelatina e suco. As pessoas do MS são muito hospitaleiras. Em Itaporã procurei pelo o padre e quando chego à igreja me deparo com a Sétima Festa do Porco no Rolete. Mal deu tempo para parar a bike, Ronaldo e Cesar me convidaram para entrar; conversamos um pouco, me deram água e comida e o Ronaldo ofereceu seu sítio para passar a noite.Que gentileza!






Sítio Ronaldo


Acordei bem cedo com o canto dos Papagaios, arrumei a cama tomei um café da manhã e pedalei até Maracaju. Cheguei bem cansado e com fome. Parei em uma lanchonete e pedi uma dose dupla de suco de laranja. Para adiantar um pouco a viagem, peguei uma carona com o Loro que transporta calcário de Jardim até Maracaju. Fiquei no posto esperando por ele por mais de três horas e só saímos às 19:30 sentido a Guia Lopes da Laguna; uma estrada perigosa sem acostamento e só uma parada para abastecer no meio de 115km. Chegando a Guia Lopes dormi em um hotel de caminhoneiro na beira da estrada.
Aproveitei o Hotel para descansar um pouco e dormi até às 8:30, tomei o café da manhã e pedalei até Bonito. Já na chegada parei para tomar um banho no Rio Formoso. A água tem uma temperatura agradável, é cristalina mesmo e tem muitos peixes. Sem palavras para descrever a beleza desses rios daqui.




Bonito (Rio Formoso)







Amanhã consegui uma entrada para a Gruta Azul e para o Balneário Municipal.
Um grande abraço a todos